Quando alguém lhe convida para um feedback qual é a sensação que você tem? Medo, ansiedade ou curiosidade sobre quais são os pontos que serão abordados?

Se os sentimentos que a palavrinha lhe desperta não são os mais positivos, isso provavelmente se deve a muitos equívocos com o termo, sugerindo inclusive que a expressão “vem cá, que eu quero lhe dar um feedback”, poderia facilmente ser substituída por “vou ser muito cruel com seus erros, disfarçando meu ódio como crítica construtiva”.

Entretanto, as pesquisas sugerem que as empresas que possuem uma cultura que valoriza a troca clara de idéias e a comunicação assertiva, assim como bons feedbacks devem ser, destacam-se por promover crescimento e aprendizado entre seus membros.

Essa foi a conclusão que a Dra. Amy Edmondson, autora do livro “A organização sem medo” chegou sobre os fatores de impacto que ambientes seguros exercem no dia a dia de colaboradores e no ambiente de trabalho, em um fenômeno descrito por ela como Segurança Psicológica.


Saiba mais sobre a relação entre saúde mental e segurança psicológica aqui nesse artigo.
 

Logo, feedbacks que tem como foco o desenvolvimento de seus pares e o apoio entre colaboradores, tendem a gerar ambientes mais seguros do ponto de vista psicológico, porque a confiança torna-se um fator fundamental na cultura dessas empresas.

Por que feedbacks são importantes?

Feedbacks são importantes porque são fundamentais para nosso desenvolvimento pessoal. Muitas e muitas vezes desempenhamos tarefas ou temos atitudes no “automático”, e não percebemos o impacto de nossas ações.

Além disso, reforçar atitudes bacanas, que valem a pena serem reconhecidas é uma forma de estimular as pessoas e pontuar que tais atitudes foram dignas de nota.

O reconhecimento de colaboradores é fator de alto impacto na motivação de membros de uma equipe, pois reforçam o sentimento de pertencimento e de valorização, o que impacta positivamente a saúde mental das pessoas.

Outra razão é que podemos emitir feedbacks como forma de prevenir possíveis erros que ocorreram em um passado, além de avaliar situações futuras e sugerir possíveis melhorias.

 Portanto, de forma geral, emitimos feedbacks:

1. Para reconhecer atitudes que geraram resultados e impactos positivos.

2. Para corrigir comportamentos que são impróprios e devem ser eliminados.

3. Como forma de prevenir resultados futuros, baseados em erros que já ocorreram através de feedfowards.

4. Para manifestar sugestões de melhoria.

Como meu tornei uma “feedback lover”

Na maioria das vezes quando somos chamados para uma sessão de feedback, temos pontos de melhoria a serem pontuados, o que para algumas pessoas pode ser desconfortável, especialmente para aquelas que têm por habito se cobrar demasiadamente.

Dessa maneira, mesmo que o feedback aconteça de forma respeitosa e assertiva, pode causar muita ansiedade e esse era meu caso.

Então, durante o início de minha trajetória profissional, atuando com treinamentos corporativos, que fazia apaixonadamente (ainda faço), recebi feedbacks de melhoria qualitativa das minhas aulas.

Fiquei bem chateada. Recebi com desconfiança a recomendação que outra pessoa assistisse as minhas aulas e me “desse alguns toques”.

Mas, como gostava muito do que fazia, resolvi conversar com uma amiga mais experiente. Ela me disse: “ Acho ideal contar com uma pessoa de fora para lhe ajudar. Afinal, fica mais fácil perceber onde está o erro”.

Passei a considerar a possibilidade. Na mesma época, comecei a ler sobre o livro Mindset de Carol Dweck sobre mentalidade de crescimento e mentalidade fixa.

Me apaixonei tanto pelo livro que escrevi até um artigo sobre ele. Comecei a entender o quanto estava presa a uma mentalidade fixa, acreditando que feedbacks ( positivos ou negativos), poderiam me definir.

Interessante ouvir isso de alguém que atua com desenvolvimento de pessoas, certo? Mas acredito que a história valha a pena para ilustrar que a todo momento podemos ser vítimas de nossas próprias crenças limitantes e sabotagens travestidas de vaidade pura.

No momento em que virei a chave, passei a inclusive assistir as aulas de outros profissionais e convidar os alunos e professores a me darem feedbacks.

And the Oscar goes to…

O que escutei dessas pessoas, foi fundamental para que eu fizesse as mudanças necessárias para melhorar meu desempenho, o que trouxe como resultado a pontuação máxima na avalição nacional de todos os professores da minha disciplina e maior média em São Paulo, entre todas as disciplinas da unidade. Virei top nacional 5, entre todos os professores Brasil e diversas matérias, além da Inteligência Emocional, que eu ministrava.

Uau!!!!

Óbvio que isso me rendeu prêmios e reconhecimento, mas de verdade e sem demagogia, a mudança me proporcionou muito crescimento e aprendizado profissional, mas principalmente pessoal.

Imagem: Acervo Pessoal- Premiação Escola Conquer- agosto de 2019

Costumo contar essa história para os profissionais que mentoro no meu dia a dia, que assim como eu tremiam com a possibilidade de ouvir algo sobre si mesmos que não fosse no mínimo, parecido com a perfeição.

A partir dessa experiência, passei a encarar os feedbacks como presentes. Mesmo que as vezes ganhamos algo que não gostamos tanto, sempre devemos agradecer por ter recebido essa oportunidade de reflexão através das pontuações sinceras e respeitosas que outras pessoas têm sobre nosso desempenho.

 5 maneiras de emitir bons feedbacks?

Acredito que o feedback deve ser sempre encorajador. Isso significa que a pessoa que emite esse feedback, deve ter em mente que a pessoa que o recebe deve sentir-se motivada a fazer as mudanças sugeridas.

Outro cuidado, que diferencia um bom feedback é que ele nunca é uma opinião. Assim, ele jamais deve considerar um ponto de vista pessoal ou uma intepretação sobre algo ou alguém.

Via de regra, um bom feedback deve:

1. Ser direto e claro: Fale sem rodeios sobre o que precisa ser modificado ou reconhecido.

2. Ser especifico: Importante evitar generalizações através de palavras que sugerem falta de precisão: sempre, nunca, todo dia, um milhão de vezes.

Se possível, fale sobre momentos factuais, como essa semana, na última vez, etc.

3. Fale sobre os impactos positivos ou negativos que tal atitude gera no negócio ou no time. Lembre-se, que não se deve tratar de uma interpretação sobre a atitude de uma determinada pessoa.

Por exemplo: dizer que alguém está desmotivado sem justificar com fatos, pode soar como sendo uma interpretação a respeito do comportamento alheio, o que costuma desencorajar quem escuta.

4. Abra espaço para que a pessoa comente sobre sua percepção em relação ao feedback recebido. Ouça atentamente.

5. Peça e ofereça ajuda na tentativa de engajar a pessoa que recebe o feedback a conseguir fazer a mudança necessária.

E mais importante não se esqueça:  Feedbacks devem ser motivadores

Qual a sua experiência com os feedbacks? Você já recebeu ou emitiu um feedback marcante em sua jornada pessoal? Vou gostar muito de sua contribuição

Precisa de ajuda para receber ou emitir feedbacks? Conte comigo por aqui, entrando em contato nesse perfil ou aqui no formulário de contatos.

Espero você!

Um abraço,

 Letícia Rodrigues

Psicóloga graduada pela PUC/SP e Pós-graduada em Gestão de Marketing pela FAAP;
• Trainer de Colaboradores Corporativos em empresas como Kumon, Hospital Leonor Mendes Barros, SBT, Nike e Metlife;
• Professora de Inteligência Emocional da Escola Conquer, com melhor avaliação do Brasil em agosto de 2019;
• Atuou como Coach de Carreira na FAAP.