Uma empresa impacta totalmente a vida de seus colaboradores.

É por essa razão que as relações que acontecem dentro do ambiente corporativo, bem como a forma como o ritmo de trabalho é colocado, determinam a qualidade da saúde mental e do bem estar dos trabalhadores.

Em janeiro de 2022, a OMS incluiu o burnout ou Síndrome do Esgotamento profissional como uma doença de trabalho, obrigando as empresas a reverem suas dinâmicas.

Burnout
BUrnout: Fonte Unspalsh

Desde então, estamos ao lado de gestores de RH , líderes e CEOS trabalhando para encontrar estratégias anti-bounout , que minimizem a cultura que favorece transtornos mentais nas empresas.

Saiba mais sobre cultura anti-burnout aqui.

As sugestões desse artigo não podem ser vistas como uma solução ,mas sim como um guia cujo objetivo é nortear discussões.

O que favorece a Síndrome de Burnout?

O esgotamento é frequentemente visto como um problema individual. Mas pesquisas mostraram que o esgotamento no trabalho se deve a condições negativas sistêmicas, como oportunidades desiguais de promoção, falta de autonomia ou flexibilidade, sensação de que você não pertence ou desalinhamento de valores.

Importante citar ainda , ambientes onde a violência ou a ameaça a vida são constantes como fatores que também desencadeiam burnout.

De acordo com a Gallup, 76% dos funcionários dizem que experimentaram esgotamento

Fatores de risco:

O burnout pode se manifestar diante de relações estabelecidas na empresa que são consideradas tóxicas ou pouco justas.

O Brasil ocupa a vice-liderança mundial de casos de burnout. As mulheres são as mais afetadas.

São 6 os principais fatores que contribuem para o agravamento/surgimento da síndrome:

Imagem: GIF.com

1. Sobrecarga de trabalho: Estudos recentes têm apontado a sobrecarga de tarefas como sendo um fator preponderante para o burnout.

2. Sensação de falta de controle: A ideia de imaginar que não há possibilidade de mudança de vida ou pouco controle sobre o futuro, trazem para o indivíduo a sensação de desamparo.

3.Conflitos: A existência de conflitos no ambiente de trabalho torna o espaço de convivência pouco receptivo e por vezes tóxicas.

Como cuidar da suade mental no trabalho :Governo do Estado do Ceará

4. Falta de atividade física: Trabalhar por longas horas na mesma posição e não realizar atividades físicas, impede que o corpo se recupere do estresse recebido no trabalho, trazendo consequências físicas e mentais negativas s médio e longo prazo.

5. Muito esforço x pouco reconhecimento: A sensação de que o trabalho não tem significado ou que não há o reconhecimento adequado de todos os esforços, causa desmotivação, insatisfação que pode aos poucos gerar a sensação de esgotamento profissional.

6. Excesso de telas: Estudos revelam que o aumento do uso de celulares e de computadores, seja para lazer, seja para reuniões , são fatores que sobrecarregam a retina, geram estresse e podem inclusive alterar nosso sono, se utilizados próximos da hora de dormir.

Mas como medir e prevenir esses fatores na prática?

  Aqui vão algumas sugestões para que tanto os lideres e gestores de RH quanto os colaboradores possam avaliar para onde estamos indo nessa caminhada rumo a ambientes seguros e com saúde mental.

As conclusões trazidas nesse texto, foram baseadas nas minhas pesquisas sobre o tema e também em um artigo escrito para a Harvard Business Review por Emily Stark, Becca Carnahan e Jaqueline Kerr, profissionais de carreira com ampla experiência em saúde mental e bem estar no trabalho.

1.Falta de autonomia

  • Como são atribuídas as horas trabalhadas ?
  • De que forma se determinam fatores como carga de trabalho e prazos?
  • Se o trabalho envolver trabalho por turnos, qual a antecedência em relação às mudanças de cronograma?
  • Os colaboradores têm flexibilidade ao realizarem suas tarefas ou são micro-gerenciados inclusive na decisão de como as mesmas devem ser feitas?

2. Falta de reconhecimento

  • Que tipo de métricas de avaliação são coletadas?
  • Como as promoções são decididas?
  • Há um processo para análise da equidade salarial?
  • Há politicas de diversidade? Quantas pessoas fazem parte da equipe do DEI? Como as metas de diversidade são discutidas e analisadas?

3. Excesso de tarefas

  • Quais são as horas de trabalho padrão?
  • Com que frequência as pessoas precisam trabalhar nos finais de semana?
  • Qual a frequência media de reuniões mensais /semanais e a duração dessas reuniões?
  • Existe a possibilidade de desligar as notificações do escritório em algum período? Essa atitude é inclusive incentivada?
  • Como os lideres priorizam tarefas e mitigam a sobrecarga?
  • Como a equipe se comunica quando tem muita coisa para fazer?
  • Quais são os critérios e o processo de promoção?
  • Com que frequência as pessoas são promovidas nesta unidade?
  • Há tem um orçamento de desenvolvimento profissional?
  • Há treinamento constante da liderança ou coaching executivo?

4. Segurança psicológica

  • Com que frequência acontecem as sessões de feedback aos funcionários?
  • Como os erros são tratados dentro das equipes?
  • Como se garante que todos contribuam com suas ideias?
  • Como os conflitos são gerenciados?
  • Com qual frequência são feitos os check-ins pessoais dos membros da equipe?
  • Como são avaliados o moral da equipe?

5 .Saúde Mental

  • Como são tratados temas referente a saúde mental, burnout e outros transtornos psicológicos? Quais as tratativas para esses casos?
  • Como os colaboradores são incentivados a cuidar de sua saúde mental ?
  • Qual o apoio que a empresa oferece na tentativa de incentivar o cuidado com o bem estar físico e emocional dos times?
  • Como os líderes são treinados para reconhecer possíveis casos onde existe risco potencial de burnout?

6. Valores

  • Como as funções de trabalho estão conectadas à missão da empresa?
  • Como os valores da empresa orientam a tomada de decisões?
  • Como o trabalho da equipe afeta as metas da empresa?
  • A empresa incentiva o serviço comunitário durante o horário de trabalho?
  • Como a empresa retribui às comunidades locais?

O case da Danone

No começo do mês de março eu tive a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre o funcionamento do departamento de Saúde Mental da Danone chefiado pelo Dr. José Maciel Almeida Filho.

O Dr. Maciel é medico e responsável pela área de Saúde, Segurança e Bem-estar da Danone. Ele gentilmente me apresentou tudo o que a empresa tem feito para cuidar de seu time.

A empresa atua em três frentes com ações voltadas aos indivíduos, líderes e cultura.

Para os colaboradores, os mesmos são sensibilizados com palestras sobre os temas de saúde mental, avalições periódicas, rodas de conversa, encaminhamento para acompanhamento psicológico em caso de necessidade.

Esse encaminhamento acontece através dos exames periódicos realizados pela empresa , pelos profissionais de RH, serviço social, gestores e lideres ou através dos assesments (avaliações e testes) realizados com as equipes.

Também fazem parte das ações a educação financeira, aplicativos de autocuidado com treinos de meditação e de incentivo às praticas esportivas.

Os lideres são desenvolvidos em programas de capacitação que envolve treinamentos para detectar possíveis transtornos e conversas com profissionais da psicologia da própria Danone.

A cultura da empresa tem se focado em abrir cada vez mais espaço para discutir sobre a sustentabilidade emocional que significa trabalho em equilíbrio com a saúde mental .

Agora é com você!

É claro que cada caso é um caso e as empresas possuem configurações diferentes e necessidades diferentes. O case da Danone, serve de referência por se tratar de uma empresa multinacional que já entendeu os prejuízos do afastamento de colaboradores , por conta de questões de saúde mental.

Entretanto, ações focadas podem trazer grandes resultados como atuar no reconhecimento dos profissionais ajustando salários e benefícios por exemplo, ou discutindo sobre autocuidado.

Todas as ações são importantes e cabe a cada CEO avaliar quais delas trarão efeitos mais importantes considerando as demandas de cada time.

O que fica é o convite para que essas reflexões sejam ampliadas e discutias e inclusive fica aqui a minha disponibilidade para lhe auxiliar caso você queira trazer temas relacionados a saúde mental para sua empresa e para seu time.

Quais são os seus desafios atuais? Como eles impactam diretamente seu time e como você pode contribuir para criação de um ambiente produtivo e sustentável, ao mesmo tempo?

Conte comigo por aqui.

Um abraço

Leticia Rodrigues

Quem sou eu?

Sou Leticia Rodrigues psicóloga e atuo com desenvolvimento pessoal e profissional. Minha base é fortalecer o autoconhecimento e levar você a aprender sobre seu funcionamento a atingir seus objetivos. Também facilito treinamentos para empresas como SBT, KUMON e Nike sobre temas como Inteligência Emocional, Motivação, Comunicação Assertiva e Saúde Mental Corporativa.