A motivação e o engajamento de colaboradores é um dos maiores desafios da gestão, pois há muito, líderes e CEOs perceberam que apenas a remuneração não é suficiente para motivar uma equipe.
Além dos benefícios, plano de carreira e outros atrativos, passou-se a vender a ideia de que a empresa é uma família.
É bem comum ouvirmos os mesmos líderes e CEOS propagarem em sua comunicação essa falácia que pode trazer consequências ruins para todos os envolvidos- colaboradores e empresa.
Assim, desde já vamos esquecer essa narrativa e compreender que ainda que a empresa não seja uma família, é possível estabelecer relações saudáveis, respeitosas e congruentes entre todos.
Por que não somos uma família?
Acho importante trazer para essa discussão os impactos negativos de criar nas pessoas a falsa impressão de que na corporação, somos família.
Para responder a essa pergunta ainda mais o que digo, escolho para essa discussão Adam Grant. O autor e especialista em psicologia organizacional tem uma visão muito interessante sobre isso:
“ A retórica sobre uma empresa ser uma família é irreal. Pais e parentes não demitem ou aposentam suas crianças para cortarem custos. Líderes seriam melhores se definissem suas companhias como uma comunidade: um local onde as pessoas experimentam um senso de pertencimento e cuidados mútuos”.
Adam Grant
Acredito que isso esclareça uma boa parte dos motivos de que insistir nessa alegação pode trazer consequências negativas para os envolvidos.
Uma empresa diferente de uma família, existe para gerar lucro. Para conseguir seu intento se organiza dentro de diretrizes e planos de ação cujo foco é conseguir resultado.
O problema está justamente quando a história contada para as pessoas se afasta dessa premissa e distorce a relação que deveria se estabelecer entre um time e seus líderes.
É assim que os problemas se iniciam.
Culto corporativo
Eu ouvi um Amém?
O livro Corporative Corps, escrito pelo professor de administração Dallas Baptist, alerta sobre os riscos das empresas que sobre pretexto de se tornarem acolhedoras, mudam sua comunicação interna utilizando uma linguagem diferenciada como comunicação interna, têm ritos e gritos de guerra, o que as transformam em algo parecido a….. uma religião ou seita.
Em algumas, o fundador ou CEO é reverenciado, adorado e até mesmo supervalorizado e por vezes ocupa papéis que vão além do “chefe” ou dono(a) em uma tentativa de substituir a família e a comunidade de seus funcionários.
Você certamente conhece ou já ouviu falar de empresas desse tipo.
Um case muito popular é o próprio Marck Zuckeberg, que passou a chamar seus colaboradores de “Metametes”.
Essa confusão de papéis, pode trazer muitos problemas, especialmente na hora em que os desafios corporativos acontecem.
Até por que na hora das metas não atingidas, é bem comum que as relações internas se tornem “Casos de família”, aquele programa conhecido por ter pessoas de uma família, ao vivo, discutindo e protagonizando inclusive agressões físicas e verbais.
Abertura para o diferente
Um dos riscos de empresas que se definem como “famílias” é a de condenar ou excluir pessoas que não se enquadram em um determinado padrão.
Recentemente estive em um treinamento técnico, onde o fundador e também palestrante da referida escola era o único autor dentro da “lojinha” de livros. Considero essa postura curiosa, porque compreendo que uma empresa é possui sua proporia cultura, pautada em diretrizes de seus donos, porém como fica a própria construção científica que deve se servir de diferentes fontes?
Na minha experiência profissional, conheci algumas empresas cujo o principal objetivo, a princípio era criar essa conexão profunda com seu time, mas tropeçavam justamente no alinhamento entre o discurso e a prática e é exatamente essa falta de alinhamento que desmotiva a equipe.
Em alguns casos, onde atuei como consultora, a presença dos donos era tão expressiva que não havia espaço para o diferente: Assim, pessoas que não se enquadravam no estilo da gestão, eram colocadas de lado e sentiam o peso de não pertencer ao time.
Nem preciso dizer as consequências disso: conflitos internos, desmotivação, pouco resultado e saúde mental abalada.
Não somos família, mas somos um time:
Existe uma vantagem inegável entre ser um time e não ser família: Um time é uma escolha. A família não é.
Logo, já que escolhemos atuar nessa função ou na empresa é preciso trabalhar proativa mente para criar um clima organizacional saudável onde os resultados são atingidos.
Comunicação clara, objetivos estabelecidos, alinhamento de expectativas, relações cordiais e respeitosas, essa é a receita de sucesso de uma empresa.
Isso contribui para a criação de um ambiente onde há preocupação genuína com a spesos, que se reverte em resultados, baixo tunover e propósito.
O líder por sua vez deve:
- Trabalhar em seu autoconhecimento para diminuir seus gaps comportamentais e técnicos
- Estabelecer objetivos claros e alinhados aos objetivos da empresa
- Aceitar as diferenças
- Integrar a todos
- Servir sua equipe.
E agora me conta: o que você achou dessa discussão: Empresas são ou não são uma família? Qual sua visão?
Que levar essa discussão para seu time? Entre em contato.
Um abraço
Leticia Rodrigues
Quem sou eu?
- Sou Leticia Rodrigues, psicóloga e fundadora da Fiorire Consultoria.
- Atuo com desenvolvimento de pessoas, ajudando empresas e profissionais em seus desafios corporativos.
- Já treinei colaboradores de empresas como SBT, MetLife , Nike, London Stock Exchange sobre temas como Inteligência Emocional, Motivação, Comunicação Assertiva e Saúde Mental Corporativa.
- Fui premiada como melhor professora de Inteligência Emocional da escola Conquer.
- E uma das 100 pessoas escolhidas como participante do Programa de Aceleração de criadores de conteúdo do LinkedIn, onde sou LinkedIn Creator.
Letícia Rodrigues