Estamos mais conectados, mas nos sentimos cada vez mais sós.

A solidão têm se tornado um problema de saúde mental importante.

Segundo uma pesquisa da Galllup, 17%  dos americanos entrevistados, relataram que esse sentimento os acompanha em boa parte do dia. Apesar do número estar em declínio desde a pandemia, ainda representa aproximadamente 400 milhões de pessoas.

Brasil líder em índice de solidão, estudo de 2021, IPSOS. Imagem: Revista Veja
Brasil líder em índice de solidão, estudo de 2021, IPSOS. Imagem: Revista Vejahttps://veja.abril.com.br/brasil/pesquisa-solidao-bateu-forte-em-grande-parte-dos-brasileiros-na-pandemia

Em terras brasileiras, a situação não é  diferente, de acordo com dados do  IPSOS em pesquisa realizada com 1000 brasileiros revelou que 36 %  engrossam o coro ao relatarem que sentem falta de uma rede de apoio e de amigos, índice que  colocou o país na liderança entre o mais solitário no estudo.

Saúde Mental e Bem-estar em risco

As conexões significativas aparecem como fator número 1 de proteção contra  doenças físicas e mentais.

Também são fatores relevantes relacionados à longevidade: estudos reforçam que um bom amigo ou um relacionamento amoroso positivo são capazes de aumentar em até dez anos a nossa vida.

Relacionamentos nutridores, onde nos sentimos apoiados, queridos e reconhecidos, são responsáveis por nossa felicidade, nosso sentimento de pertencimento e de amor.

Por outro lado, relacionamentos tóxicos ou a ausência de ligações importantes,  agravam nossa saúde como um todo , potencializando o risco para ao adoecimento.

Relacionamentos: Longevidade e Saúde mental , fonte: unsplash
Relacionamentos: Longevidade e Saúde mental , fonte: Unsplash

A solidão no ambiente corporativo

Ter um amigo no trabalho diminui o risco de burnout , gera mais satisfação com o emprego e reduz significtaivamente a propensão a “busca por outra oportunidade profissional ”, ainda de acordo com a Gallup.

Apesar desses dados, o sentimento de sentir-se só é comum e afeta todas as posições hierárquicas.

É possível identificar alguns fatores que contribuem para essa realidade: a busca por resultados rápidos que leva a um falso sentimento de urgência, ocasionando um excesso de tarefas, escassez de tempo e cansaço extremo.

Ao final do dia, exaustos, grande parte de nós apenas pensa em desconectar, com alguma sorte dormir bem e se preparar para recomeçar no dia seguinte.

Demonstrar vulnerabilidade, algo fundamental para a conexão, também não é bem visto nas organizações: compartilhamos pouco sobre nós, evitamos falar sobre nossas dificuldades e por vezes enxergamos pares como concorrentes.

A solidão é experimentada ainda que atuamos como líder, já que é desse profissional a responsabilidade de conduzir um time para resultados. Os índices de burnout na liderança são altíssimos. Na média gerencia, são ainda mais expressivos.

Quem possui uma pequena empresa ou atua como autônomo, não escapa dessa realidade:

Experimentar diferentes papéis, todos ao mesmo tempo, sem uma equipe para compartilhar é desafiador e claro, solitário.

Conviver é uma necessidade!

Comecei esse texto falando justamente sobre o quanto a tecnologia e a conectividade, paradoxalmente, ampliaram nosso sentimento de solidão.

Segundo Sheila Liming, professora e especialista  estudiosa de cultura, as pessoas, especialmente os jovens , não têm tempo suficiente  de cultivar as amizades , pois não acreditam que fazer isso seja um prioridade:

As pessoas não têm tempo suficiente para se dedicar à interação social. E, por outro lado, também sentem que a interação social em si é uma perda de tempo, por isso não a priorizam. Muitos se sentem culpados por não fazer nada, por passar tempo com alguém ou simplesmente por estar na presença de outras pessoas.,

Sheila Liming em entrevista para BBC- out 2023,

Hoje, nos divertimos sozinhos com nossos celulares: toda a interação que temos vem das redes sociais. Nos contentamos em ver os amigos de longe, e confundimos o convívio e o relacionamento com o “likes” no Instagram e Facebook.

Esse isolamento também contribui para que a gente perca cada vez mais as habilidades sociais que precisam do convívio real e freqüente para serem exercitadas.

Estar com as pessoas, exige adaptabilidade. É preciso fazer concessões, e isso é rico do ponto de vista do desenvolvimento de nossas competências.

Exercitamos a paciência, a confiança, a tolerância e somos brindados com versões melhoradas de nós  e das pessoas que convivemos.

Quando deixamos de lado esse convívio, tendemos a estabelecer relações superficiais com os outros que podem ser substituídas por prazeres imediatos, causando frustrações.

Incentivar relações próximas e seguras psicologicamente

O Google  conduziu um estudo chamado de Projeto Aristóteles que revelou que as equipes de alta performance são aquelas onde a empatia e o apoio mútuo são práticas valorizadas, pois promovem a busca por soluções de forma mais efetiva, favorecem o reconhecimento de possíveis erros e a inovação.

Leia mais sobre Estudo Google e Segurança Psicológica

Eu atuei em empresas que incentivavam a concorrência de maneira agressiva entre os colaboradores. O impacto disso no clima organizacional e conseqüentemente nas relações que se estabelecem é imenso.

Trazer à tona discussões sobre a empatia que é a habilidade de reconhecer as emoções dos outros e agir em consonância com essa percepção também são formas interessantes de incentivar a convivência respeitosa e compassiva com os pares.

E por último, discutir o contrassenso da vulnerabilidade:

De acordo com Bréne Brow, conhecida por seu aprofundamento em relação ao tema, a única maneira de nos relacionarmos com confiança com os demais é reconhecendo nossa vulnerabilidade.

Ninguém estabelece relações significativas ou verdadeiras com quem insiste em parecer distante ou inabalável, pois isso não é real. A perfeição deve ser vista com desconfiança e não como meta.

Treinamento para média Gerencia da CDP: Carbons Disclosure Project, sobre liderança e vulnerabilidade, arquivo pessoal Leticia Rodrigues
Treinamento para média Gerencia da CDP: Carbons Disclosure Project, sobre liderança e vulnerabilidade, arquivo pessoal Leticia Rodrigues

É a vulnerabilidade que proporciona a busca por crescimento. Somente reconhecendo que somos frágeis, podemos estabelecer estratégias para lidar com os desafios.

A solidão no trabalho é um sintoma de um problema importante e característico de nosso tempo. A busca por uma vida com propósito, ou seja, alinhada aos nossos valores, objetivos e prioridades, é uma forma válida e saudável de lidar com esse desafio.

E você tem se sentido só? Isso pode ser um sintoma que merece atenção. É preciso avaliar se esse sentimento é pontual, acontecendo apenas em uma determinada área ou se aparece em diversos aspectos de sua vida.

Conte comigo por aqui….

Quem sou eu?

Letícia Rodrigues

  • Sou Leticia Rodrigues, psicóloga e fundadora da Fiorire Consultoria.
  • Atuo com desenvolvimento de pessoas, ajudando empresas e profissionais em seus desafios corporativos.
  • Já treinei colaboradores de empresas como SBT, MetLife , Nike, London Stock Exchange  sobre temas como Inteligência Emocional, Motivação, Comunicação Assertiva e Saúde Mental Corporativa.
  • Fui premiada como melhor professora de Inteligência Emocional da escola Conquer.
  • E uma das 100 pessoas escolhidas como participante do Programa de Aceleração de criadores de conteúdo do LinkedIn, onde sou LinkedIn Creator.