Algo muito importante mudou no ambiente corporativo após 2 anos de pandemia: o foco na necessidade de atenção à saúde mental. É claro que doenças como depressão e ansiedade não são novidade para ninguém, mas o cenário tornou-se urgente quando grande parte da população mundial se viu impactada por quadros de ansiedade, estresse e solidão, diante das incertezas trazidas pela crise originada pelo COVID 19.

 As doenças relacionadas à saúde mental estão no top 3 das causas de afastamento de trabalho, o que impactam a produtividade e resultados das empresas. Os dados foram tão alarmantes que levaram a OMS a determinar que o burnout fosse incluído como doença de trabalho.

 Líderes e colaboradores juntos devem mudar seu olhar para essa realidade e buscar contribuir com soluções assertivas.

Tema tabu

O grande vilão dessa história, ainda é o preconceito. Por muitos anos, o transtorno mental foi visto de forma estigmatizada. E apesar dos avanços conseguidos, não houve de fato investimentos apropriados para debater esse tema até a urgência imposta pela pandemia.

A depressão e a ansiedade, por exemplo, ainda são vistas como dificuldade de lidar com adversidades, fraqueza de caráter ou falta de foco e comprometimento, o que complica a busca dos colaboradores por ajuda

Precisamos falar sobre saúde mental

Falar abertamente sobre o assunto é fundamental. A medida que mais pessoas discutem sobre o tema, isso abre espaço para que o assunto seja visto como algo natural e corriqueiro.

Entretanto, alertam os especialistas, a cultura de preocupação com a saúde mental deve ser parte estratégica da empresa e corroborada por todas as esferas da mesma, especialmente por diretoria e liderança.

 Não adianta nada realizar práticas motivacionais, se no dia a dia se mantém práticas que pressionam os indivíduos através da pressão exagerada por resultados, mantendo os indivíduos tensos o tempo todo ou perpetuando uma cultura que adoece as pessoas.

5 Práticas para desenvolver a sáude mental de um time

Como a mudança de mentalidade deve ser aplicada para toda a empresa, para que se torne uma pratica sustentável, é necessário desenvolver políticas que contemplem a assimilação de novas habilidades e fortaleçam o time.

Além disso, ações focadas no coletivo, contribuem para que as pessoas se sintam menos expostas e mais encorajada a falar sobre suas dificuldades e buscar ajuda.

As ações podem ser a montagem de círculos de palestras sobre os temas relacionados a saúde mental, grupos de discussão com profissionais externos que garantam o sigilo, e espaços de troca entre colaboradores (team building, por exemplo).

Algumas ações efetivas contribuem e favorecem ainda mais a saúde mental no trabalho:

1. Desenvolver a Inteligência emocional: Compreender mais sobre os próprios sentimentos e necessidades e sua relação com nossas atitudes, favorece a autogestão, autoconhecimento e sociabilidade, habilidades fundamentais para atuar no mundo corporativo.

2. Clareza na comunicação: pessoas tendem a responder mais assertivamente quando compreendem aquilo que se espera que elas façam. Assim, uma comunicação alinhada, com objetivos e metas direcionadas, diminuem conflitos externos e favorece a criação de um ambiente acolhedor, fundamental para o trabalho acontecer.

3. Desenvolver a resiliência: Mudar a mentalidade para aprender com os erros, é fundamental para desenvolver a capacidade de se reinventar diante das dificuldades.

4.Promover um ambiente inclusivo e diverso: empresas que são reconhecidas por apoiar a diversidade e a inclusão, tem impacto importante no bem estra de profissionais que fazem parte de minorias, onde questões relacionadas a saúde mental aparecem em número aumentado.5.

5. Foco na saúde física: conscientização da necessidade de sono, de alimentação balanceada e de atividade física, contribuem significativamente para o equilibro e bem estra emocional dos colaboradores.

Os dados revelam que a cada dólar investido em saúde mental, o ROI é 4 vezes maior, e o resultado aparece em aumento da produtividade e consequentemente de resultados.

Eu particularmente fico muito feliz de ver que esse tipo de mudança vem ocorrendo: a conscientização de que a saúde mental pode ser desenvolvida, da mesma maneira que desenvolvemos nossa saúde física.

Desenvolver o autoconhecimento e compreender mais sobre o próprio funcionamento, é extremamente importante e libertador. Afinal, compreender melhor sobre o que se passa conosco internamente, é fundamental para uma vida equilibrada e feliz.

E você? Qual sua opinião sobre essa mudança de paradigma imposta pela pandemia? Quais ações efetivas sua empresa e você já estão praticando para melhorar a saúde mental no ambiente corporativo?

 Letícia Rodrigues Psicóloga graduada pela PUC/SP e Pós-graduada em Gestão de Marketing pela FAAP; • Trainer de Colaboradores Corporativos em empresas como Kumon, Hospital Leonor Mendes Barros, SBT, Nike e Metlife; • Professora de Inteligência Emocional da Escola Conquer, com melhor avaliação do Brasil em agosto de 2019; • Coach de Carreira na FAAP.